Colheita de Mirtilos 2023: A Imprevisibilidade do Clima

No ano de 2023, a colheita de mirtilos da Quinta dos Meus Avós by Geoceres, uma produtora comprometida com a excelência no mercado do Mirtilo enfrentou desafios imprevistos devido às condições climáticas extremas.

A imprevisibilidade do clima e as mudanças climáticas têm sido temas recorrentes na agricultura, mas este ano provou ser particularmente complicado para a cultura dos mirtilos em Portugal.

Em junho tivemos três semanas de chuvas frequentes, impactando significativamente a qualidade dos mirtilos produzidos.

O dilema enfrentado foi que a necessidade de adiar a colheita, decorrente das condições climáticas adversas, levou à maturação excessiva. O resultado foi uma colheita com frutas demasiado maduras, sem consistência e fora do padrão de qualidade exigido para comercialização.

Outro desafio adicional que surgiu devido às chuvas frequentes e baixas temperaturas foi a proliferação da Drosófila Suzuki, uma praga que atacou os mirtilos, causando perdas significativas nas plantações.

Neste contexto de imprevisibilidade, os produtores do setor agrícola são lembrados da natureza volátil da agricultura. A incerteza do clima impõe desafios constantes, demandando adaptação e inovação para enfrentar essas variações. É imprescindível que os agricultores estejam sempre preparados para lidar com mudanças bruscas nas condições meteorológicas, desenvolvendo estratégias para minimizar os impactos nas colheitas.

Embora as condições climáticas tenham apresentado dificuldades, a determinação dos produtores de mirtilos em Portugal é inabalável. A resiliência diante das adversidades é uma característica intrínseca do setor agrícola, onde homens e mulheres do campo enfrentam desafios constantes com coragem e dedicação. A Geoceres, assim como outros produtores, está comprometida em aprender com as experiências deste ano e procurar soluções para mitigar os efeitos das mudanças climáticas no futuro.

O cenário climático para o próximo ano permanece incerto. Entretanto, é certo que a indústria agrícola continuará a enfrentar esses desafios com a determinação de produzir alimentos de qualidade, contribuindo para o bem-estar da sociedade e para o desenvolvimento econômico do país.



Em meio à imprevisibilidade, a mensagem que ecoa dos campos de mirtilos é de esperança e resiliência. Embora os obstáculos sejam inúmeros, o compromisso dos produtores de mirtilos em Portugal permanece inabalável. É a partir dessa garra e dedicação que se constrói um futuro sustentável para a agricultura, um futuro em que a imprevisibilidade do clima não será uma barreira intransponível.

Que possamos continuar unidos, enfrentando com coragem os desafios climáticos que virão, e trazendo ao mercado os melhores mirtilos, símbolos do nosso trabalho árduo e paixão pelo cultivo da terra.

Igor Soares Pinto

Campanha de mirtilos 2022

Iniciamos a campanha de mirtilos de 2022.

Duke 2022

Pode adquirir diretamente na nossa exploração na freguesia de Avessadas em Marco de Canaveses.

https://g.co/kgs/hy3VUQ

Opinião: O impacto do Covid-19 na sociedade e na agricultura em Portugal

Numa altura em que se vive uma crise mundial associada à pandemia do Covid-19 provocada pelo novo coronavírus, os receios aumentam, as expectativas diminuem e o caos instala-se. O isolamento social, o encerramento de escolas, fábricas, cafés e restaurantes são uma necessidade e o impacto económico é inevitável perante a paralisação do país.

A atividade agrícola, atualmente, ainda não sentiu grande impacto e a fruta e os hortícolas continuam a ser colhidos e distribuídos nos supermercados. 

No entanto, com o estado de emergência e consequente diminuição da procura e queda na rede de distribuição, é inevitável o impacto na agricultura, mais marcado, certamente, para o produtor. Há um ano a preocupação de um agricultor produtor de mirtilos ou outra fruta seria a preparação da campanha que se avizinha, nomeadamente com o início da adubação, preparação dos terrenos e, em breve, a procura de mão de obra para a apanha da fruta.

Atualmente devemos questionar-nos se será possível realizar a colheita de qualquer fruta e, caso seja possível, como está o mercado da exportação e a capacidade de resposta da logística para entrega internacional. A colheita da fruta exige o ajuntamento de um elevado número de pessoas, que será impossível de acontecer se a situação atual não se reverter em breve.

Geoceres – Colheita do Mirtilo

A opção poderá passar por criar circuitos de trabalho que garantam a ausência de contacto entre trabalhadores, assim como um plano de higienização das instalações mais rigoroso e eficiente. No entanto, a questão da distribuição nacional e exportação continuará a ser um problema.

Se olharmos para o exemplo da China, o processo de propagação da doença iniciou-se em dezembro (registo publico desde janeiro), tendo apenas em meados de fevereiro sido confirmada a tendência decrescente de novos casos e, apenas em meados de março, a situação se encontra próximo da resolução. Falamos, portanto, de três meses de paragem total.

Considerando que os primeiros casos confirmados em Portugal foram no dia 2 de março, eventualmente só em junho a situação estará próxima do fim. Por enquanto, vemos o número de novos casos a aumentar exponencialmente.

Ministério da Agricultura já apresentou medidas dirigidas ao setor, que se entendem como necessárias, para minimizar os eventuais impactos económico-financeiros que possam advir da situação epidemiológica do novo coronavírus: (i) agilizar a liquidação dos pedidos de pagamento, através da atribuição dos incentivos a título de adiantamento, com regularização posterior; (ii) são elegíveis para reembolso as despesas comprovadamente suportadas pelos beneficiários em iniciativas ou ações canceladas ou adiadas por razões relacionadas com o Covid-19, previstas em projetos aprovados pelo Portugal 2020, em que se inclui o PDR 2020, ou outros programas operacionais; (iii) no âmbito das ajudas do Pedido Único 2020, será prorrogado o prazo inicialmente estabelecido para submissão das candidaturas, entre outras medidas.

Esperam-no tempos difíceis, que terão impacto não só no momento, como a longo prazo, devendo ser tomadas medidas para minimizar estes constrangimentos. Neste momento, a nossa preocupação deve centrar-se no controlo da propagação do vírus pois, caso contrário, iremos viver uma situação idêntica à que se vive em Itália em que, até ao dia de ontem, contavam com 35 173 infetados e 2 978 mortos.

Itália tem um sistema de saúde idêntico ao nosso e a população com uma mentalidade muito próxima. Mas no que refere aos cuidados de saúde, em algumas áreas, nomeadamente unidades de cuidados intensivo, podemos concluir que têm uma capacidade três vezes superior à nossa e, ainda assim, estão com dificuldades em gerir a situação.

Número de camas críticas (II + III) / 100.000 habitantes
Dados referentes a 2016
https://www.sns.gov.pt/wp-content/uploads/2016/11/RRH-Medicina-Intensiva.pdf

O grande problema prende-se com o facto de os doentes graves infetados com o coronavírus necessitarem de cuidados intensivos e de serem ventilados artificialmente, de forma a otimizar o processo respiratório e recuperar. Sem um ventilador, a maioria destes doentes acaba por morrer. Estima-se que 10% dos doentes infetados necessitem de cuidados intensivos e, potencialmente, de um ventilador.

Em Itália, com 35 000 casos de Covid-19, necessitavam de 3 500 camas de cuidados intensivos, quando têm aproximadamente 900 a 1000 camas.  A partir do momento que os recursos são insuficientes, tal como num contexto de guerra, distribuem-se os mesmos com base num conjunto de critérios, nomeadamente a idade ou a presença ou não de outras doenças que possam agravar a sua situação.

Os que têm maior probabilidade de sobreviver, e com menos sequelas, recebem esses mesmos recursos, ou outros, apenas a sorte lhes pode valer. Em Portugal, temos sensivelmente 500 camas de cuidados intensivos.

Considerando a gestão de recursos e planos de contingência em curso, foram criadas novas unidades de cuidados intensivos com ventiladores provenientes dos blocos operatórios, assim como com empréstimos de ventiladores de associações e instituições privadas. Ainda assim, assumindo que temos 600 a 700 ventiladores, e pela previsão de que 10% dos doentes com Covid-19 necessitam deste recurso, o limite de segurança do SNS para gerir eficazmente esta pandemia seria inferior a 6 000 infetados em Portugal.Não estamos a ter em conta o número de doentes internados por outras patologias que também necessitam de cuidados intensivos e ventilador, portanto, o valor será muito inferior. 

Ao dia de hoje, em Portugal temos sensivelmente 650 pessoas confirmadas com Covid-19, ou seja, potencialmente 10% da capacidade máxima para o nosso SNS. Algumas pessoas já perceberam a dimensão do problema, mas outras ainda não, contribuindo favoravelmente para a disseminação do vírus.

Estamos num momento em que é exigida a toda a população solidariedade e altruísmo. Seremos capazes de demonstrar esses valores numa situação de crise? 

O tempo o dirá…

Artigo de opinião por Igor Soares Pinto

Publicado em :

http://www.agronegocios.eu/noticias/opiniao-o-impacto-do-covid-19-na-sociedade-e-na-agricultura-em-portugal/

http://www.agrotec.pt/noticias/opiniao-o-impacto-do-covid-19-na-sociedade-e-na-agricultura-em-portugal/



Xylella fastidiosa pode infetar a planta do mirtilo

O que é, como prevenir?

Em Janeiro de 2019 a presença, em Portugal, desta bactéria, foi oficialmente declarada, tendo sido confirmados, até ao momento 13 focos. (Para já a região tampão concentra-se no concelho de Gaia).

Trata-se de uma bactéria que vive no xilema das plantas (vasos condutores da “seiva bruta”). São conhecidas cerca de 300 plantas que podem ser afetadas, entre as quais diversas espécies cultivadas, de grande interesse económico – Mirtilo, videira, oliveira, citrinos, prunóideas, etc.

A bactéria Xilella fastidiosa só é transmitida de plantas doentes para plantas sãs através das picadas de alimentação de diversos insetos, de que se destacam algumas espécies de cigarrinhas das famílias dos cicadelídeos e dos cercopídeos. Os sintomas não abrangem toda a planta afetada, mas vão aparecendo por setores da ramagem ou da copa.

Não existem meios diretos de luta contra as doenças causadas por Xylella fastidiosa. A proteção passa por medidas preventivas, impedindo a sua introdução e propagação :

  • em novas plantações, utilizando plantas sãs provenientes de viveiros autorizados pelos Serviços Oficiais;
  • arrancar e queimar as plantas atacadas num raio de 100 m;
  • combater os insetos vetores.
Doença de Pierce na videira (infeção por xylella fastidiosa) ; Fonte : DRAP
Planta de Mirtilo infetada com xylella fastidiosa; Fonte: DRAP

Depois de inoculadas, as células bacterianas aderem às paredes dos vasos e multiplicam-se, formando uma colónia que podem obstruir completamente os vasos do xilema. Estas células soltam-se da parede dos vasos e juntamente com o conteúdo alimentar, são sugadas pelos insetos, prendendo-se às paredes do seu aparelho digestivo.

A bactéria é veiculada por insetos picadores-sugadores de fluido xilémico, que na sua maioria pertencem à ordem Hemiptera, sub-ordem Auchenorrhyncha e Cicadomorpha (EFSA, 2015(1)).

Desde que a bactéria seja adquirida no processo de ingestão-egestão, os insetos-vetores poderão ser transmissores permanentes durante toda a sua vida .

Na Europa, mais precisamente em Itália, província de Lecce, onde foi reportado um surto de Xylella fastidiosa, que se tem disseminado desde outubro de 2013, foi identificado o Philaenus spumarius (Linnaeus 1758) (Figura 2), como o principal vetor da disseminação da doença. No entanto, outros vetores, que existem também em Portugal, poderão ser potenciais veículos de transporte da Xylella fastidiosa, tais como a cigarrinha Cicadela viridis(Linnaeus 1758), a Aphrophora alni (Fallen 1805) e a Aphrophora salicina (Goeze 1778).

A bactéria tem uma taxa de crescimento reduzida e os sintomas, por vezes, manifestam-se tardiamente, impedindo qualquer medida de controlo. Como resultado, muitos hospedeiros podem estar infetados e serem assintomáticos, tendo uma evolução dissimulada, mas muito mortífera. Por isso a deteção precoce da presença da X. fastidiosa é tão importante para que, no caso de ser identificada a presença da bactéria, se possa desenhar um plano de erradicação atempado e eficaz.

Os sintomas são a murchidão das folhas (2), com distribuição irregular, ilhas verdes de tecido saudável (1) e separação das folhas do pecíolo (3).

Fonte: DRAP

O diagnóstico da doença por observação visual dos sintomas, em plantas isoladas, é difícil e aleatório. Nestes casos, a inspeção visual deve ser feita através da observação das plantas no campo realizando-se, em simultâneo, a confirmação da presença do vetor. Contudo, devido à possível confusão com sintomatologia associada a outras doenças como, por ex., a doença do enrolamento foliar da videira, deficiências de oligoelementos, como o boro, a sua identificação remete para o procedimento analítico das plantas afetadas e posterior confirmação por técnicas laboratoriais de diagnóstico.

De momento, as medidas adoptadas pelo Ministério da Agricultura limitam-se à eliminação de todas as plantas num raio de 100 metros em torno da planta ou foco detectado e confirmado positivo.

Em caso de suspeita da presença da bactéria deve contatar de imediato os serviços oficiais:

Referências:

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