O que é, como prevenir?
Em Janeiro de 2019 a presença, em Portugal, desta bactéria, foi oficialmente declarada, tendo sido confirmados, até ao momento 13 focos. (Para já a região tampão concentra-se no concelho de Gaia).
Trata-se de uma bactéria que vive no xilema das plantas (vasos condutores da “seiva bruta”). São conhecidas cerca de 300 plantas que podem ser afetadas, entre as quais diversas espécies cultivadas, de grande interesse económico – Mirtilo, videira, oliveira, citrinos, prunóideas, etc.
A bactéria Xilella fastidiosa só é transmitida de plantas doentes para plantas sãs através das picadas de alimentação de diversos insetos, de que se destacam algumas espécies de cigarrinhas das famílias dos cicadelídeos e dos cercopídeos. Os sintomas não abrangem toda a planta afetada, mas vão aparecendo por setores da ramagem ou da copa.
Não existem meios diretos de luta contra as doenças causadas por Xylella fastidiosa. A proteção passa por medidas preventivas, impedindo a sua introdução e propagação :
- em novas plantações, utilizando plantas sãs provenientes de viveiros autorizados pelos Serviços Oficiais;
- arrancar e queimar as plantas atacadas num raio de 100 m;
- combater os insetos vetores.
Depois de inoculadas, as células bacterianas aderem às paredes dos vasos e multiplicam-se, formando uma colónia que podem obstruir completamente os vasos do xilema. Estas células soltam-se da parede dos vasos e juntamente com o conteúdo alimentar, são sugadas pelos insetos, prendendo-se às paredes do seu aparelho digestivo.
A bactéria é veiculada por insetos picadores-sugadores de fluido xilémico, que na sua maioria pertencem à ordem Hemiptera, sub-ordem Auchenorrhyncha e Cicadomorpha (EFSA, 2015(1)).
Desde que a bactéria seja adquirida no processo de ingestão-egestão, os insetos-vetores poderão ser transmissores permanentes durante toda a sua vida .
Na Europa, mais precisamente em Itália, província de Lecce, onde foi reportado um surto de Xylella fastidiosa, que se tem disseminado desde outubro de 2013, foi identificado o Philaenus spumarius (Linnaeus 1758) (Figura 2), como o principal vetor da disseminação da doença. No entanto, outros vetores, que existem também em Portugal, poderão ser potenciais veículos de transporte da Xylella fastidiosa, tais como a cigarrinha Cicadela viridis(Linnaeus 1758), a Aphrophora alni (Fallen 1805) e a Aphrophora salicina (Goeze 1778).
A bactéria tem uma taxa de crescimento reduzida e os sintomas, por vezes, manifestam-se tardiamente, impedindo qualquer medida de controlo. Como resultado, muitos hospedeiros podem estar infetados e serem assintomáticos, tendo uma evolução dissimulada, mas muito mortífera. Por isso a deteção precoce da presença da X. fastidiosa é tão importante para que, no caso de ser identificada a presença da bactéria, se possa desenhar um plano de erradicação atempado e eficaz.
Os sintomas são a murchidão das folhas (2), com distribuição irregular, ilhas verdes de tecido saudável (1) e separação das folhas do pecíolo (3).
O diagnóstico da doença por observação visual dos sintomas, em plantas isoladas, é difícil e aleatório. Nestes casos, a inspeção visual deve ser feita através da observação das plantas no campo realizando-se, em simultâneo, a confirmação da presença do vetor. Contudo, devido à possível confusão com sintomatologia associada a outras doenças como, por ex., a doença do enrolamento foliar da videira, deficiências de oligoelementos, como o boro, a sua identificação remete para o procedimento analítico das plantas afetadas e posterior confirmação por técnicas laboratoriais de diagnóstico.
De momento, as medidas adoptadas pelo Ministério da Agricultura limitam-se à eliminação de todas as plantas num raio de 100 metros em torno da planta ou foco detectado e confirmado positivo.
Em caso de suspeita da presença da bactéria deve contatar de imediato os serviços oficiais:
- ICNF, IP.
- Direção-Geral de Agricultura e Veterinária;
- Direções Regionais de Agricultura e Pescas:
Referências: