Os ratos constituem um grave problema económico e de saúde pública, nomeadamente para o sector agro-pecuário.
Emerge como de extrema importância o controlo da populações de ratos na exploração agrícola, ao fazê-lo, o agricultor está não só a prevenir as doenças e os prejuízos económicos associados à presença destes animais, ou seja a contribuir para os resultados da sua exploração, mas também a evitar ou a minimizar a proliferação dos ratos que é potenciada pelos recursos (alimento e abrigo) gerados pelas actividades agrícola e pecuária e, por conseguinte, a reduzir os efeitos nefastos desta praga ao nível da saúde e bem-estar das populações.
A aplicação de venenos é um dos métodos mais utilizado para o combate aos roedores nas explorações agrícolas açorianas, contudo, por mais eficazes que sejam os rodenticidas, a sua utilização isolada é insuficiente para se alcançar o controlo. É necessária uma abordagem integrada. É necessário combinar o uso dos rodenticidas com outras medidas ofensivas e com acções que tornem o ambiente a tratar o menos favorável possível à presença e proliferação dos roedores (medidas que reduzam a disponibilidade de alimento e abrigo). Por outro lado, por mais eficaz que seja o veneno utilizado, se este não for bem aplicado os resultados também não serão os esperados .
Desratização química
3. Actue antes da época em que as suas culturas vão ficar mais atractivas e disponíveis como alimento, de forma a evitar as perdas económicas e a aumentar a eficácia da desratização. A aplicação dos rodenticidas deve iniciar-se pelo menos 1 mês antes da fase em que se prevê que a disponibilidade de alimento vá aumentar.
4. Aplique rodenticida sempre que subitamente elimina uma fonte de alimento habi – tual (por exemplo: colheita de uma cultura, retirada dos animais de um deter – minado local onde eram alimentados com rações ou silagem, esvaziamento de um silo, etc.)
5. Nunca coloque os iscos sem estarem devidamente protegidos por um posto de engodo
6. Manipule o material utilizado na desratização (postos, iscos e armadilhas) com luvas, para evitar que o seu cheiro fique no material e provoque desconfiança por parte dos ratos;
7. Distribua os postos de engodo por toda a área a desratizar, privilegiando os locais de maior probabilidade de passagem dos ratos, ou seja, ao lon – go de muros, paredes e abrigos, junto aos locais onde cada uma das espécies costuma fazer o ninho, junto de fontes de alimento, trilhos e tocas ou onde se veri – fiquem outros sinais da presença dos ratos
8. De forma a obter melhores resultados, os postos devem ser colocados com uma distância de 5 a 10 metros entre si, no caso de uma infestação por ratazanas ou de 2 a 4 metros, no caso de existirem murganhos
9. Tente conjugar esforços e actuar em simultâneo com as explorações próximas;
10. A quantidade de isco a colocar em cada posto varia conforme o produto comercial utilizado, as espécies presentes e o nível de infestação do local. Por essa razão comece por colocar em cada posto a quantidade de isco recomendada no rótulo do produto utilizado e de semana a semana vá ajustando a quantidade a oferecer de acordo com o nível de consumo obtido;
11. Visite os postos uma vez por semana e anote os consumos obtidos em cada posto Os venenos anticoagulantes provocam a morte por hemorragias 3 a 10 dias após a ingestão de uma dose letal. Uma vez que a morte dos animais ocorre apenas alguns dias após a ingestão do veneno, é natural que os animais se refugiem nos seus ninhos ou noutro ponto de abrigo quando se começam a sentir doentes e acabem por morrer nesses locais menos visíveis. Desta forma, é raro encontrar animais mortos nos locais tratados, não sendo possível avaliar o resultado das desratizações através do número de cadáveres encontrados;
12. Se o rodenticida utilizado for um anticoagulante de 2ª geração basta reabastecer os postos uma vez por semana
13. Mantenha a oferta de raticida enquanto existirem consumos
14. Desloque os postos em que não se verifiquem consumos durante mais de 2 sema – nas para locais eventualmente mais activos
15. Utilize vestuário protector, nomeadamente luvas, máscara, óculos e botas de borracha durante a manipulação dos rodenticidas, postos de engodo, armadilhas, cadáveres ou outros materiais de risco;
16. Coloque avisos nos postos de engodo e nas áreas sujeitas à desratização, de forma a evitar quaisquer acidentes com crianças e animais domésticos
17. Não aplique os rodenticidas junto a linhas de água (ribeiras, lagoas e orla marítima);
18. Recolha e elimine convenientemente os resíduos de rodenticida, as embalagens roídas ou conspurcadas e os cadáveres encontrados
18. Armazene os rodenticidas longe do alcance de crianças e animais ; 20. Em caso de ingestão acidental dos rodenticidas, contacte o Centro de Informação Anti-Venenos e/ou procure imediatamente um médico (ou veterinário, no caso dos animais), para que possa ser administrado o antídoto (Vitamina K1). Leve consigo o rótulo do produto. Nos animais o envenenamento pode ser primário, pela ingestão directa de veneno, ou secundário, pela ingestão de animais envenenados;
19. Contribua para a preservação dos predadores naturais, como por exemplo os milhafres ou as doninhas e sempre que tal for viável opte por ter na sua exploração predadores domésticos, como os gatos
20. Sempre que possível, opte por utilizar armadilhas em conjunto com os rodenticidas ou em detrimento dos mesmos. As armadilhas podem ser muito úteis para reduzir as densidades populacionais iniciais, diminuindo assim as quantidades de rodenticida necessárias
21. Se o aparecimento de roedores na sua exploração é recorrente, mantenha alguns postos de engodo e/ou armadilhas permanentemente no local após terminar a desratização e verifique-os periodicamente
22. Se ao efectuar uma desratização verificar que os consumos se mantêm elevados e constantes durante mais de 4 semanas, reporte esse facto à Direcção de Serviços de Agricultura e Pecuária. Poderá haver resistências ao rodenticida utilizado e nesse caso será necessário intervir com produtos mais tóxicos ou com outras medidas de combate, de forma a evitar a sobrevivência e proliferação dos animais resistentes.
Para mais informações, consulte o manual de boas práticas de controlo de roedores para a região autónoma dos Açores